Obesidade: doença crônica exige mais do que dieta — como a nutrição especializada pode ajudar?

03 de mai.
Escrito por Rafaela A. D’Aquino – CRN 16 463
Especialista em Emagrecimento Metabólico

A obesidade há muito deixou de ser vista apenas como uma questão estética. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, multifatorial e de tratamento complexo, ela demanda muito mais do que a simples prescrição de uma dieta restritiva. Mas como uma abordagem especializada em emagrecimento e metabolismo pode contribuir de forma efetiva no tratamento?

Obesidade: mais que excesso de peso

A obesidade é resultado de um desequilíbrio energético sustentado ao longo do tempo, mas suas causas vão além da matemática calórica. Genética, hormônios, microbiota intestinal, ambiente alimentar, sono, estresse, medicações e até traumas emocionais podem estar envolvidos. O acúmulo de gordura, especialmente a visceral, altera a liberação de adipocinas inflamatórias, impactando negativamente o metabolismo e aumentando o risco de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemias e alguns tipos de câncer.

Por isso, o tratamento da obesidade precisa ser sistêmico, considerando não só o peso na balança, mas os fatores que dificultam ou impedem o emagrecimento sustentável.

Da balança ao metabolismo: personalização é a chave

A atuação de um nutricionista especialista em emagrecimento e metabolismo vai além do cálculo calórico. Envolve a investigação de marcadores metabólicos (como resistência insulínica, perfil lipídico, TSH, cortisol), avaliação da composição corporal e compreensão do comportamento alimentar do paciente.

“A perda de peso sem preservar massa magra compromete o metabolismo e aumenta o risco de efeito sanfona”, explica a nutricionista Rafaela D’Aquino. “Por isso, trabalhamos estratégias que protejam o músculo, melhorem a sensibilidade à insulina e promovam um ambiente metabólico favorável à queima de gordura.”

Entre essas estratégias estão:

  • Modulação do consumo proteico para preservação da massa magra

  • Distribuição estratégica dos carboidratos ao longo do dia

  • Utilização de protocolos específicos, quando indicados

  • Suporte de fitoterápicos ou suplementos, sempre com respaldo científico

Comportamento alimentar: o elo perdido?

Estudos recentes indicam que até 70% das tentativas de emagrecimento falham por questões comportamentais, e não apenas nutricionais. Comer por impulso, fome emocional, episódios de compulsão ou dietas extremas seguidas de abandono são armadilhas comuns.

“Sem tratar a relação com a comida, qualquer intervenção será paliativa”, reforça Rafaela. O acompanhamento especializado inclui técnicas de educação alimentar, manejo da fome emocional e, quando necessário, atuação em conjunto com psicólogos ou psiquiatras.

Medicação, cirurgia e nutrição: um trabalho em equipe

Em casos mais graves, o tratamento da obesidade pode envolver o uso de medicações antiobesidade ou mesmo cirurgia bariátrica. “Nessas situações, o nutricionista exerce um papel essencial para garantir adequação nutricional, prevenir deficiências e minimizar perda muscular”, afirma Rafaela.

Além disso, adaptações na dieta são fundamentais para promover saciedade e sustentabilidade do emagrecimento, mesmo diante de mudanças anatômicas ou efeitos colaterais de medicamentos.

Resultados reais exigem constância

A especialista destaca que o sucesso no tratamento da obesidade depende de constância, paciência e da construção de hábitos sustentáveis. “Não existe atalho. É sobre cuidar da saúde metabólica, promover perda de gordura preservando a musculatura e construir um novo estilo de vida — respeitando as individualidades de cada paciente.”

Em tempos de soluções rápidas e dietas da moda, a nutrição especializada surge como um contraponto: uma abordagem baseada em ciência, centrada no paciente e comprometida com resultados duradouros.

Referências

World Health Organization (WHO). Obesity and overweight. Factsheet. 2021.
Bray GA, Ryan DH. Update on obesity pharmacotherapy. Ann N Y Acad Sci. 2014.
Hall KD, et al. The energy balance model of obesity: beyond calories in, calories out. Am J Clin Nutr. 2022.

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